37 Segundos

Yuma é uma jovem japonesa que sofre de paralisia cerebral. Dividida entre suas obrigações para com sua família e seu sonho de se tornar uma artista de mangá, ela luta para levar uma vida independente. – 37 segundos [2019]

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A representação de pessoas com algum tipo de deficiência no cinema é algo pouquíssimo explorado. São raros os projetos em que a pauta da inclusão e da representatividade é levada em conta sem escorregar para algo estereotipado e romantizado.

Por isso, ver uma obra que minimamente se preocupa em mostrar interações mais complexas e humanas dentro deste universo é algo tão louvável quanto necessário em nosso momento atual.

Em seu longa de estreia, a diretora Hikari busca construir um retrato sensível mas também provocativo das relações vividas por uma jovem com necessidades especiais no Japão contemporâneo, precisando lidar com os desafios e expectativas de uma sociedade altamente competitiva, machista e ainda mergulhada no capacitismo.

No filme acompanhamos Yuma, uma jovem de 23 anos que está lutando para conseguir sua autonomia e reconhecimento profissional como desenhista, uma jovem cheia de sonhos, dúvidas e desejos como qualquer outra garota de sua idade. O que torna Yuma diferente é que ela está presa em uma cadeira de rodas, consequência de uma paralisia cerebral ao nascer.

37 Segundos  - Cenas - Eiga desu!

Ciente de suas limitações, Yuma num primeiro momento se mostra frágil e condescendente, mas ao mesmo tempo ela nutre dentro de si o desejo de alçar novos vôos em busca de experiências que de fato preencham e deem sentido a sua vida.

Seja no cuidado sufocante e na carência de sua mãe, na relação abusiva com sua amiga, que não a valoriza e se aproveita de seu talento, ou nas vazias e estranhas interações com o sexo oposto, Yuma sabe que sua condição física não deveria ser a única característica que a define como filha, como profissional ou como mulher.

A trama, apesar de previsível e inconsistente em certos momentos, consegue emocionar, divertir e trazer ao espectador uma mensagem mais humana e reflexiva. Não se trata apenas da história de uma cadeirante que vence desafios e preconceitos e vive feliz para sempre. Não se trata de um filme de superação, como poderíamos imaginar num primeiro momento, mas sim de descobertas.

Descobertas através de novas amizades, de experiências inusitadas, de se expor a riscos, de explorar novos sentimentos, da própria sexualidade e também dos erros e frustrações.

Dito isso, a escolha de uma atriz (Kayama Mei) que sofre da mesma condição que sua personagem é um ponto fundamental para trazer as dores e anseios de Yuma de forma mais verdadeira, focando não só em suas virtudes, mas também suas falhas e fraquezas, tornando a protagonista mais humana e fugindo da romantização estereotipada de outras produções.

Sobre o título do filme, não é nenhum spoiler explicar o porquê dos 37 segundos, mas ao menos para mim, a revelação nos momentos finais do longa foi algo que me impactou e me levou a pensar sobre como a vida é frágil e como devemos ser gratos por cada pequena conquista.

Trailer

Ficha técnica

  • 37セカンズ : 37 sekanzu
  • Título Literal : “37 Segundos”
  • Título Internacional: 37 Seconds
  • Direção : Hikari
  • Info: Japão, 2019 Cor – 115 min
  • IMDb: www.imdb.com/title/tt6156138/

Nota

7.0/10
7/10

Nascido algumas décadas atrás num agosto cinzento. Amante de literatura e Cinema, em especial as produções orientais. Tem nesse projeto um sonho que se iniciou no distante ano de 2006.

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